sábado, 10 de abril de 2010

Hoje


Digamos que hoje eu queira me rebelar. Somente hoje eu quero fazer algo realmente idiota, totalmente improvável. Talvez dançar debaixo da chuva seja um bom começo.
Quero sair sem hora pra voltar e ter o prazer de dizer "não precisa me esperar". Vou procurar por alguém que me enlouqueça, que me faça perder o senso e, pela primeira vez, tirar os pés do chão. Alguém que me ensine a voar.
Hoje eu quero ser a vilã, porque a mocinha já enjoou. Quero fazer o que ninguém espera que eu fizesse. Quero uma atitude inconsequente. Fazer sem pensar em nada, nem nos prós, nem nos contras. Porque não há prós e contras quando não se põe nada a perder.
Vou infringir a lei, gritar no meio da rua e quebrar alguma coisa.
Sair do mundo real às vezes faz bem. Quero tirar férias, férias de mim!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cegueira

Sabe, estive pensando... Concluí que tenho medo dessas pessoas para quem tudo é normal, banal. Pessoas que não vêem nada de extraordinário no mundo. Medo de acabar sendo influenciada, de ir ficando cega aos poucos sem perceber.
Tanta gente tola que acha que pessoas assim não existem, que todo mundo sabe, que todo mundo vê. Mas há mais gente insossa do que eu imaginava.
Pessoas estas que se misturam com o povo e acham que o certo é ser como a sociedade acha que é o certo. Que não procuram aventuras, não querem se diferenciar e nem fazer a diferença.
Sempre olham, mas não enxergam; comem, mas não sentem o gosto; pensam, mas não raciocinam. Simplesmente existem.
E é tão triste! Tão frustrante! Não conseguem ver que a beleza está na diferença, que se quisermos algo, temos que lutar, que viver não é só seguir o fluxo.
E eu queria tanto que houvesse mais pessoas vivas, despertas e não esse bando de seres somente existentes. 
Será que ninguém percebe? Ninguém vê a idéia genial que é o universo? O mecanismo complexo que nos mantêm vivos? Ou repara que as nuvens assumem as mais fantásticas formas? Que uma simples borboleta pode ser mais bela do que um exposição de artes inteira?
Por que esse povo ainda dorme? 
A vida é tão bela, tão curta...
Por que estão cegos ainda?
Enquanto isso, aqui estou eu, falando sozinha.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vozinhas

Talvez eu não saiba mesmo o que eu quero, mas eu tenho plena certeza do que eu não quero.
Agora me diga: por que, raios, nós só temos uma única vida? Assim não dá pra ser médica, cineasta, música, missionária, jogadora de vôlei... tudo ao mesmo tempo.
Acho que seria muito mais fácil se eu gostasse de uma coisa só, tipo matemática, e ponto.
Sem escolhas, sem chance de errar.
Só que tem aquela vozinha irritante na cabeça: "Mas você já viu como biologia é legal??". E nem adianta mandá-la calar a boca. Acredite, eu já tentei.
Vozinhas na cabeça deveriam ser proibidas por lei, causariam menos confusões. E, nessas horas, eu penso: "Cara, por que meu cérebro não nasceu mudo??"

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fórmula


Não espere que eu vá até você, nem que eu diga que eu te amo, porque você esperaria a vida toda. 
Não procure saber do que gosto, isso é tão clichê! Não tente me seduzir.
Surpreenda-me, se sua intenção for chamar minha atenção. Diga coisas improváveis, faça coisas impossíveis.
Não me deixe descobrir tudo sobre você. Perderia toda a graça! Ah, e não desista no primeiro "Não", talvez eu esteja te testando.
Me atraia aos poucos, mas não fique muito tempo ao meu lado. Eu preciso sentir sua falta para poder calcular sua importância.
Não me pergunte nada, faça-me querer falar. Não desvie seus olhos dos meus, mas não me toque. Sorria quando eu estiver triste e me espere quando eu estiver lenta. Pode me dar bronca quando eu estiver chata, também.
Não me diga frases prontas e não me dê lição de moral, tenho alergia a isso.
Seja honesto e me faça rir, gargalhar. Me faça querer sua companhia.
Só peço que você não tente me entender, não ache que me decifrou e não peça pra eu explicar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Em algum lugar...

Menino meu, quantas saudades de ti, quantas saudades do que eu era quando estava contigo.
Lembro-me bem das nossas risadas e das discussões. Sinto falta disso, de não precisar medir palavras nem conter atos, da liberdade.
Me arrependo por tantas coisas que fiz, mas me arrependo mais de certas coisas que não fiz. De não ter me aproximado mais, de não ter ficado mais um pouco quando você me pediu, de não dizer o que deveria ter dito.
Talvez o presente fosse diferente, talvez não. Não se pode saber o que teria sido, também não se pode voltar. Nada vai mudar, nossa amizade nunca mais será como foi.
E é tão engraçado que eu sequer lembre como ela começou, nem de como acabou. Lembro-me somente de momentos. Nossa última dança, o último abraço. De quando você me protegeu e de quando me acalmou. Do seu choro e do seu sorriso, do seu olhar pedindo aprovação enquanto falava. Do modo como você era convencido e das nossas peripécias. 
É... temos muita história pra contar.
Ah, meu menino, como eu gostaria de ouvir sua voz e de rir ao seu lado outra vez, de debochar do mundo, de querer consertá-lo, de fazer planos para um futuro que nunca chegará. Quero saber se você está bem, quero te ver feliz.
O mundo, depois de ser sua amiga, se tornou melhor aos meus olhos, pois sei que você está nele, em algum lugar, mesmo que esse lugar não seja ao meu lado.