quinta-feira, 8 de julho de 2010

Cartas a Peter Pan


Durante tanto tempo esperei por aquele que viria até minha janela, me pegaria pela mão e me ensinaria a voar noite afora. Aquele que me salvaria dos meus próprios medos e estaria sempre comigo... seríamos sempre jovens. 
Sonhei inúmeras vezes em como seria aquele lugar, lá depois da segunda estrela à direita, seguindo reto até a alvorada. Imaginei nossas conversas e duelos de espadas. E também em como dançaríamos sob as estrelas, com milhares de fadinhas esvoaçantes ao nosso redor. Imaginei-nos derrotando piratas em navios voadores e, imagine só, um crocodilo gigante que fazia tic tac.
Meus piores temores se materializavam em inimigos imaginários e minhas alegrias em belezas surreais, de uma terra que existe, tenho certeza, mas que nem todos podem entrar. 
Que tolice a minha! Você não veio, Peter, e eu jurei para mim mesma que nunca mais esperaria por ninguém. Não correria o risco de me decepcionar de novo. Com o tempo, percebi que a única pessoa que poderia me salver era eu.
Pois é, Peter, talvez você só apareça para as boas meninas.
Então, aprendi, a duras penas, a voar sozinha e a descobrir caminhos que ainda não foram trilhados, a desbravá-los, sem a sua ajuda.
Aprendi a não mais olhar para o horizonte esperando encontrar aquele garoto que viria ouvir histórias, pois talvez as minhas não fossem boas o suficiente.
A partir daí, acho que perdi a fé nos outros garotos também, Peter. Acho que você me acostumou mal, a idealizar demais pessoas e situações e eu nunca mais conseguirei voltar inteiramente ao mundo real.
É... eu não encontrei aquele por quem eu deixaria a janela aberta...
...ainda.

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