sábado, 26 de março de 2011

Aquela tarde

Há algo que faz o ar ficar doce, como violetas ao vento. O dia está tão brilhante... e o céu não poderia estar mais azul.
Nós estamos sentados na varanda, mãos dadas, uma tarde preguiçosa. Você lê para mim o meu livro preferido. Só o som de sua voz rouca quebra o silêncio, saboreando cada palavra da história. Tudo é paz. Nada no universo poderia interromper aquele momento.
Me flagro olhando para você, tentando adivinhar seus pensamentos, tentando prever o desfecho que eu já sei de cor. Seus olhos, tão negros, tão profundos, estão refletindo o sol e isso te dá uma certa aura de anjo. Uma mecha negra de sua cabelo, brincando sobre a testa, desmente a primeira impressão: talvez não anjo, mas belo, com certeza belo.


Eu poderia ficar ali o dia inteiro, somente olhando e escutando. Até meus devaneios eram preguiçosos naquela tarde. Mas, numa fração de segundo, tudo escurece. Um pouco receosa, abro os olhos devagar e tudo o que vejo é o teto do quarto. Num lampejo, imagens difusas me vêm à mente. Tento retê-las, mas é como segurar água com as mãos.
Ouço uma promessa sussurrada, baixinho, e descubro que ela vem da minha própria boca (ou seria da minha alma?): "Eu sempre vou te esperar". Sinto algo quente escorrendo pelas minhas bochechas e seu sorriso começa a se desvanecer, junto com o restinho de verão que ainda bate à janela.






"Fate fell short this time 
Your smile fades in the summer."

(Blink 182)

Nenhum comentário:

Postar um comentário