As palavras me agradam. São belas em todas as suas formas. São como ideias soltas ao vento, formando paisagens magníficas que os olhos não podem ver. Têm o poder se fazer uma lágrima cair ou de secá-la. São responsáveis por todo o rumo que o mundo toma, porque quase tudo é por meio delas.
Eu gosto da fala, também. É o estado gasoso da palavra. É libertador poder falar, pois isso possibilita fazer com que as outras pessoas enxerguem o que só eu consigo ver. Posso construir castelos de sílabas e sons e fazer com que ele seja visto e apreciado por outros, como uma obra de arte de minha autoria. Enquanto eu falo, eu crio ideias, amadureço teorias, descubro soluções... e me torno mais inteligível para mim mesma.
A única coisa que me irrita nas palavras é que elas nos fazem crer que são tudo o que importa. Nós temos a necessidade de falar, ficamos desconfortáveis com o silêncio e, para quebrá-lo, falamos inutilidades. Talvez tenhamos medo de agir. Falar é mais confortável.
Quando não falamos coisas à toa, nós cantamos, batucamos, murmuramos, assobiamos, fazemos barulho de alguma forma. As pessoas parecem não gostar do silêncio. Provavelmente porque ele faz pensar e traz à tona aquilo que havíamos escondido lá no fundo. Ele faz-nos confrontar-nos a nós mesmos e isso pode ser desconfortável. Pensar, às vezes, é cansativo e incomoda nossa consciência, porque mostra o que está errado e martela em nossa alma.
A quietitude também aguça nossos sentidos: enxergamos melhor, ouvimos melhor, sentimos melhor. Mas os sentidos atrapalham: quando vemos melhor, não podemos nos fingir de cegos às circunstâncias; quando ouvimos melhor, não podemos nos fazer surdos às críticas; quando sentimos melhor, não podemos nos fazer insensíveis aos problemas alheios.
Eu amo o silêncio (me refiro mais ao silêncio interno que ao externo, que é quase impossível de se obter nesse mundo barulhento), porque, quando eu para de falar, eu posso me ouvir e, assim, me entender. É nele que reside a calma, embora haja um turbilhão na minha mente, porque posso repassar cada pensamento com a velocidade que eu quiser, como um filme com controle remoto. É nele que reside a alma e é por meio dele que a compreendemos. Nele tudo é belo e contemplativo. Nele, eu posso explorar o mundo a partir de outras sensações e entender que gestos podem dizer tanto ou mais do que palavras.
A quietitude nos dá paz, nos faz amenos, nos leva perto de Deus, pois nela nós conseguimos resolver nossos problemas internos e nos tornar leves. Talvez, no começo, machuque trazer à tona certas coisas, mas vale apena poder limpá-las, selecioná-las e guardá-las novamente como livros na estante, agora sem mofo e sem medos escondidos em suas páginas
No silêncio não há discórdia nem guerras (Ah, palavras! Vocês é que são responsáveis por isso... e pelo perdão também). Só há conhecimento, memórias e percepção.
É só porque existe o silêncio que as palavras são tão belas. É só por isso que a música se torna um refúgio e as conversas, uma necessidade: porque elas silenciam nossa mente, enquanto "embarulhecem" todo o resto.
"Sabei escutar, e podeis ter a certeza de que o silêncio produz, muitas vezes, o mesmo efeito que a ciência."
(Napoleão Bonaparte)
Nenhum comentário:
Postar um comentário