quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Evolução

Quando eu era criança e as pessoas me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse, eu tinha a resposta na ponta da língua. Mesmo que não tivesse, eu ainda possuía muito tempo para pensar sobre o assunto. Eu não precisava saber. Hoje, eu pergunto a mim mesma o que serei quando crescer, sem me dar conta de que já cresci mais do que o suficiente para saber a resposta.


Eu faço vários planos e os coloco num futuro distante, esquecendo-me do fato de que eu deveria começar a colocá-los em prática agora e de que eu nem sei como iniciá-los. Eu sonho demais.
Quando eu era criança, eu achava que os adultos sabiam tudo e podiam fazer tudo. Hoje, eu vejo que tenho muito mais dúvidas que antes e que elas são muito mais complexas. Vejo também que eu até posso fazer muitas coisas, mas tenho medo. Do quê? Não sei.
Fico tentando descobrir que diferença eu faço no mundo. Minto pra mim mesma dizendo que eu ainda vou fazer essa diferença, que não chegou a hora. E, mais uma vez, ponho meus planos lá no futuro.
O que estou fazendo hoje para realizá-los? É o que eu me pergunto todos os dias. Mais uma vez me engano dizendo que estou estudando, me preparando. Sim, eu realmente estou estudando, mas me sinto parada no tempo, inútil, parece que o que faço não é o suficiente.
Um bom professor de biologia disse, uma vez, que evolução é mudança, não importa se boa ou ruim. Eu não mudei e, às vezes, dizia isso até com orgulho. Descobri, porém, que também não evoluí. Ainda sou a mesma criança insegura de outrora e não sei como crescer.
Perco-me, olhando o passado com saudade, criticando o presente e me iludindo com o futuro. Em alguns momentos me sinto presa dentro de mim.
Eu só queria uma direção, alguém que dissesse "Você está indo bem" ou "Você deveria fazer isto ou aquilo", um conselho que fosse. Não tem ninguém. Faço tudo por tentativa e erro, sozinha, sabendo que, lá na frente, se eu fracassar, várias pessoas irão apontar o dedo para a minha culpa e quererão dar conselhos. Mas já será tarde. Eu só irei me perguntar onde é que eles estavam quando eu precisei.
Acho, realmente, que eu não estou preparada para nada, mas eu sigo, tentando ter coragem para mim e para encorajar os outros, dando uma de forte. O que ninguém sabe é que, na verdade, eu estou morrendo de medo. Talvez isso seja coragem: lutar quando se quer fugir; talvez eu esteja tentando apenas achar alguma qualidade em mim. Mas, quer saber? Que se dane. Talvez isso seja até uma evolução.




"O mais corajoso dos atos ainda é pensar com a própria cabeça." (Coco Chanel)

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